domingo, 11 de abril de 2010

O MAIOR LATERAL ESQUERDO DE TODOS OS TEMPOS - NILTON SANTOS



Nilton dos Santos
16/05/1925
Rio de Janeiro
Lateral Esquerdo

Campeão Carioca em 1948,1957,1961 e 1962; Rio-São Paulo (1962/64); Copas do Mundo de 1958 e 1962; Copa América de 1949; Pan-americano de 1952.

Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Botafogo. Entre 1948 e 64, atuou em 723 partidas, fazendo 11 gols. Considerado o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos, Nilton vestiu apenas três camisas em toda sua carreira: a do Botafogo, da seleção brasileira e da seleção carioca.
Bicampeão mundial com a Seleção Brasileira, tetracampeão carioca com o Botafogo, além de vários outros títulos internacionais, sempre com as mesmas camisas, foi o responsável por mudanças táticas em várias seleções e clubes do mundo e também por um novo papel do lateral em campo.
"Eu sempre gostei de atacar, mas fazia com cuidado, pois se o time tomasse um gol naquela hora eu ia parar na forca", lembra. Nílton Santos reconhece que foi favorecido na época. "Tinha a vantagem de ter Garrincha no meu time. Ele atraía o jogo para a direita e eu aproveitava para dar minhas arrancadas. Consegui fazer 11 gols pelo Botafogo e três pela Seleção Brasileira, o que era um absurdo na época. Creio que fui um dos primeiros laterais a atacar e não só a marcar", reconhece.
Nilton Santos era um jogador clássico, elegante, raramente fazia falta e nunca jogou com violência. Começou a carreira como centroavante, mas foi colocado como quarto-zagueiro em um treino e logo em seguida firmou-se na lateral. A obsessão pelo ataque, no entanto, permaneceu e o fez inovar o futebol de sua época, com suas "estranhas arrancadas" pela esquerda.
Dono de um futebol refinado, hábil, chutava e driblava com ambas as pernas - coisa rara na época. Em campo, exercia uma liderança discreta, mas firme. Jogadores como o Amarildo, que substituiu Pelé na Copa de 1962, o próprio Pelé e Garrincha, de quem era considerado o melhor amigo e compadre, o respeitavam muito.
Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, Nilton Santos conseguiu conter os ânimos do estourado Amarildo, que não de graça tinha o apelido entre seus companheiros do Botafogo de Possesso. "Eu e o Didi chamamos o Amarildo e falamos que os espanhóis iriam tentar irritá-lo e que ele teria de se controlar para não ser expulso. Ele entendeu o recado e se comportou maravilhosamente bem. Parecia um anjo dentro de campo", lembra.
Ainda na Copa de 1962, ocorreu um lance que marcou a vida de Nílton Santos e a história do futebol brasileiro. O jogo era contra a Espanha, válido pela última rodada da fase de classificação, e decisivo. Quem perdesse, voltava para casa. Nílton Santos, então já com 37 anos, conta o que aconteceu: "Começamos mal e tomamos um gol no primeiro tempo. O técnico espanhol colocara um cara novo e veloz em cima de mim, mas ele era canhoto. Ele ganhava todas as corridas, mas na hora de cruzar, tinha que ajeitar a bola para a perna boa. Nessa hora, eu chegava e roubava a bola. No segundo tempo, a mesma jogada se repetiu, mas, na hora de cortar a bola, acabei derrubando o espanhol dentro da área. Instintivamente, dei dois passos e saí da área. O árbitro estava longe, não viu e marcou falta e não pênalti. Foi pura malandragem, daquelas que a gente aprende nas peladas." Depois desse lance, os espanhóis desmontaram, ao mesmo tempo em que Mané Garricha começava a dar seu show particular, driblando os adversários de todas as maneiras. Numa dessas jogadas, Amarildo empatou o jogo. Os espanhóis entraram em desespero. Todo mundo recuou na tentativa de parar o Mané das 'Pernas Tortas'. Mas não teve jeito e em outra jogada do ponta-direita brasileiro Amarildo fez seu segundo gol na partida, o da vitória brasileira. Hoje, Nílton afirma que, embora não tenha feito gol naquela partida e nem mesmo jogado tão bem, aquele lance do pênalti acabou sendo decisivo.
Romântico, não ligava para dinheiro. "Eu acho que sempre fui amador. Cheguei a assinar três contratos em branco, no auge de minha carreira", diz. Mas ele não se arrepende. "Faria tudo de novo, outra vez. Tudo o que tenho, tudo o que eu sou, eu devo ao Botafogo." Seu outro amor, talvez o principal: a bola. "É a minha vida. Foi quem me deu tudo. Nunca me traiu, nunca me bateu na canela. Sempre me obedeceu. Minha bola é minha vida", confessa.
Nílton Santos começou no time carioca em 1948. Em 1950 já participava de sua primeira Copa, na reserva. "Foi muito triste ver o Maracanã silencioso. Deu vontade de fugir". Depois de um Mundial regular na Suíça, em 1954 ("foi uma bagunça geral") teve sua grande chance na Suécia, em 58.
Na véspera da final contra os suecos, confiante, chegou a declarar a alguns repórteres que queriam saber se ele dormiria tranqüilo: "Pelé, Garrincha e Didi jogam no nosso time. Os suecos que passem a noite em claro pensando em como marcar o Brasil. Eu vou dormir sossegado". O resultado todos sabem: 5 a 2 para o Brasil.
Outra passagem marcante na carreira de Nílton Santos foi a de um gol na Copa de 58. O Brasil vencia a Áustria por 1 a 0, no começo do segundo tempo. Nílton pegou a bola na defesa e começou a avançar: "Volta, Nílton", gritou do banco Vicente Feola, técnico do Brasil. O lateral continuou correndo e ultrapassando os adversários. Já quase na intermediária, ouviu novamente: "Volta, Nílton". Mas fingiu não ouvir e chegou à entrada da área austríaca: "Volta, Nílton", berrava Feola, quase se esgoelando. Nílton chutou com maestria da entrada da área, marcou o segundo gol brasileiro, que levou o público ao delírio. "Boa, Nílton", murmurou Feola, já se sentando no banco novamente. 1962 foi o ano de ouro para o lateral. Conquistou o bi mundial no Chile com a Seleção e bi carioca com o Botafogo, numa final histórica contra o Flamengo, com show de Mané Garrincha. E em 1964, ele abandonou o futebol e o Botafogo, aos 39 anos. "Boa, Nílton", murmurou Feola, já se sentando no banco novamente. 1962 foi o ano de ouro para o lateral. Conquistou o bi mundial no Chile com a Seleção e bi carioca com o Botafogo, numa final histórica contra o Flamengo, com show de Mané Garrincha. E em 1964, ele abandonou o futebol e o Botafogo, aos 39 anos.

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